Encontramos na Teoria da Construção da Inteligência de Piaget a
possibilidade de compreender os fenômenos do processo de desenvolvimento e
aprendizagem do sujeito. A importância de compreender esses processos nos
ajudam a saber o que esperar das crianças em determinada idade e de que forma
elas percebem o mundo a seu redor.
A teoria de Piaget (Apud PULASKI) do desenvolvimento cognitivo é uma
teoria de etapas, uma teoria que pressupõe que os seres humanos passam por uma
série de mudanças ordenadas e previsíveis.
Para Piaget, (Apud PULASKI) as ações da criança não se desenvolvem num
mesmo plano no sentido de se tornarem experiências cumulativas.
Assim, a construção da inteligência pode ser esquematizada como uma espiral crescente voltada para a
equilibração resultante da combinação dos processos de assimilação e acomodação.
Nesse processo, ocorrem estados de equilíbrio diferenciados que expressam
a capacidade de adaptação da inteligência. Esta se consolida ao construir
conhecimentos que possibilitam uma ação do sujeito sobre o meio, voltada para a
adaptação.
Piaget (Apud BANKS) indica que a ação humana tem como direção uma
constante equilibração. A ação se dá em função de alguma necessidade. Tal
necessidade instala no sujeito um estado de desequilíbrio, um rompimento da rotina
em que vivia, provocando novas indagações. O sujeito então procura novas formas
de se relacionar com o mundo, buscando uma melhor adaptação.
Em seu crescimento, numerosas organizações se transformam à medida que
a criança passa de um estado de equilíbrio para outro. Todos esses estados de
equilíbrio são importantes porque dão suporte para novas experiências a partir das
que já estão organizadas. Em cada estado de equilíbrio, a criança representa
mentalmente o mundo segundo condições específicas, as quais se transformam.
Esses estados característicos de equilíbrio bastante móveis em função do próprio
processo de equlibração são chamados de estruturas. As estruturas são o aspecto
variável do desenvolvimento. (OLSON, David R. e colaboradores - 2000)
Dessa maneira se constituem os seis estágios de desenvolvimento, estruturas
básicas que representam cada estágio e se sucedem, marcadas por equilibrações
específicas.
Os estágios traduzem diferentes formas de organização mental, diferentes
estruturas cognitivas. Cada uma dessas estruturas possibilita uma certa maneira de
relacionar-se com a realidade, de atuar sobre ela, de compreendê-la. Em outros
termos, cada estrutura traduz uma forma particular de equilíbrio nos intercâmbios do
ser humano com o mundo que o rodeia. O aparecimento de uma série de novos
comportamentos ou de novas aquisições pode ser considerado um indicador de um
novo estágio de desenvolvimento, ou seja, constituindo-se na modificação
progressiva dos esquemas de assimilação.
Seguem as etapas do desenvolvimento, que Piaget chama de: Sensóriomotor,
Pré-operacional, Operacional concreto, Operacional formal.
* Estágio Sensório-motor – inicia aproximadamente de 0 a 2 anos: a atividade
intelectual da criança é de natureza sensorial e motora. A principal característica
desse período é a ausência da função semiótica, isto é, a criança não representa
mentalmente os objetos. Sua ação é direta sobre eles. Essas atividades serão o
fundamento da atividade intelectual futura. A estimulação ambiental interferirá na
passagem de um estágio para o outro.
* Estágio Pré-operacional – mais ou menos de 2 a 6 anos: a criança
desenvolve a capacidade simbólica; “já não depende unicamente de suas
sensações, de seus movimentos, mas já distingue um significador (imagem, palavra
ou símbolo) daquilo que ele significa (o objeto ausente), o significado”. Para a
educação é importante ressaltar o caráter lúdico do pensamento simbólico.
Este período caracteriza-se pelo egocentrismo, isto é, a criança ainda não se
mostra capaz de colocar-se na perspectiva do outro, o pensamento pré-operacional
é estático e rígido, a criança capta estados momentâneos, sem juntá-lo em um todo;
pelo desequilíbrio: há uma predominância de acomodações e não das assimilações;
pela irreversibilidade: a criança parece incapaz de compreender a existência de
fenômenos reversíveis, isto é, se fizermos certas transformações, somos capazes
de restaurá-las, fazendo voltar ao estágio original, como por exemplo, a água que se
transforma em gelo e aquecendo-se volta à forma original.
Nesse estágio, a criança não domina as operações mentais, ela é
egocêntrica, e não consegue ter outro referencial sem ser ela própria.
* Estágio Operacional Concreto – dos sete aos onze anos: a criança já
possui uma organização mental integrada, os sistemas de ação reúnem-se todos
interligados. Piaget fala em operações de pensamento ao invés de ações. É capaz
de ver a totalidade de diferentes ângulos. Conclui e consolida as conservações do
número, da substância e do peso. Apesar de ainda trabalhar com objetos, agora
representados, sua flexibilidade de pensamento permite um sem número de
aprendizagens.
Segundo Piaget, (Apud COUTINHO) a capacidade de um aluno resolver
problemas de conservação depende de compreensão de três elementos básicos do
raciocínio: identidade, compensação e reversibilidade.
Neste período, o egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se
colocar no ponto de vista de outro), que caracteriza a fase anterior, dá lugar à
emergência da capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar pontos
de vista diferentes e de integrá-los de modo lógico e coerente.
Um outro aspecto importante neste estágio refere-se ao aparecimento da
capacidade da criança de interiorizar as ações, ou seja, ela começa a realizar
operações mentalmente e não mais apenas através de ações físicas típicas da
inteligência sensório-motor (se lhe perguntarem, por exemplo, qual é a vareta maior,
entre várias, ela será capaz de responder acertadamente comparando-as mediante
a ação mental, ou seja, sem precisar medi-las usando a ação física).
Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente, tanto os
esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente se referem, nesta
fase, a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de
forma concreta. Além disso, as ações representativas tornadas reversíveis e pela
organização das operações em estruturas de conjunto, inicialmente simples, vão se
tornando cada vez mais complexas.
* Estágio Operacional Formal – começa no início da adolescência. Nesta
fase, a “criança”, ampliando as capacidades conquistadas na fase anterior, já
consegue raciocinar sobre hipóteses à medida em que ela á capaz de formar
esquemas conceituais abstratos e através deles executar operações mentais dentro
de princípios da lógica formal.
A criatividade torna-se mais madura em relação aos demais estágios. Este
estágio corresponde ao nível do pensamento hipotético – dedutivo ou lógico –
matemático. (COUTINHO - 1992)
Segundo Piaget, (Apud BANKS) a maioria dos alunos pode ser capaz de usar
o pensamento operacional formal em apenas algumas áreas nas quais eles tenham
mais experiências ou interesse.
Fonte de pesquisa: http://www.crda.com.br/tccdoc/22.pdf
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