sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Entendendo a Inteligência e a Aprendizagem

Encontramos na Teoria da Construção da Inteligência de Piaget a


possibilidade de compreender os fenômenos do processo de desenvolvimento e


aprendizagem do sujeito. A importância de compreender esses processos nos


ajudam a saber o que esperar das crianças em determinada idade e de que forma


elas percebem o mundo a seu redor.


A teoria de Piaget (Apud PULASKI) do desenvolvimento cognitivo é uma


teoria de etapas, uma teoria que pressupõe que os seres humanos passam por uma


série de mudanças ordenadas e previsíveis.


Para Piaget, (Apud PULASKI) as ações da criança não se desenvolvem num


mesmo plano no sentido de se tornarem experiências cumulativas. 


Assim, a construção da inteligência pode ser esquematizada como uma espiral crescente voltada para a


equilibração resultante da combinação dos processos de assimilação e acomodação.


Nesse processo, ocorrem estados de equilíbrio diferenciados que expressam


a capacidade de adaptação da inteligência. Esta se consolida ao construir


conhecimentos que possibilitam uma ação do sujeito sobre o meio, voltada para a


adaptação.


Piaget (Apud BANKS) indica que a ação humana tem como direção uma


constante equilibração. A ação se dá em função de alguma necessidade. Tal


necessidade instala no sujeito um estado de desequilíbrio, um rompimento da rotina


em que vivia, provocando novas indagações. O sujeito então procura novas formas


de se relacionar com o mundo, buscando uma melhor adaptação.


Em seu crescimento, numerosas organizações se transformam à medida que


a criança passa de um estado de equilíbrio para outro. Todos esses estados de


equilíbrio são importantes porque dão suporte para novas experiências a partir das


que já estão organizadas. Em cada estado de equilíbrio, a criança representa


mentalmente o mundo segundo condições específicas, as quais se transformam.


Esses estados característicos de equilíbrio bastante móveis em função do próprio


processo de equlibração são chamados de estruturas. As estruturas são o aspecto


variável do desenvolvimento. (OLSON, David R. e colaboradores - 2000)


Dessa maneira se constituem os seis estágios de desenvolvimento, estruturas


básicas que representam cada estágio e se sucedem, marcadas por equilibrações


específicas.


Os estágios traduzem diferentes formas de organização mental, diferentes


estruturas cognitivas. Cada uma dessas estruturas possibilita uma certa maneira de


relacionar-se com a realidade, de atuar sobre ela, de compreendê-la. Em outros


termos, cada estrutura traduz uma forma particular de equilíbrio nos intercâmbios do


ser humano com o mundo que o rodeia. O aparecimento de uma série de novos


comportamentos ou de novas aquisições pode ser considerado um indicador de um


novo estágio de desenvolvimento, ou seja, constituindo-se na modificação


progressiva dos esquemas de assimilação.


Seguem as etapas do desenvolvimento, que Piaget chama de: Sensóriomotor,


Pré-operacional, Operacional concreto, Operacional formal.


* Estágio Sensório-motor – inicia aproximadamente de 0 a 2 anos: a atividade


intelectual da criança é de natureza sensorial e motora. A principal característica


desse período é a ausência da função semiótica, isto é, a criança não representa


mentalmente os objetos. Sua ação é direta sobre eles. Essas atividades serão o


fundamento da atividade intelectual futura. A estimulação ambiental interferirá na


passagem de um estágio para o outro.


* Estágio Pré-operacional – mais ou menos de 2 a 6 anos: a criança


desenvolve a capacidade simbólica; “já não depende unicamente de suas


sensações, de seus movimentos, mas já distingue um significador (imagem, palavra


ou símbolo) daquilo que ele significa (o objeto ausente), o significado”. Para a


educação é importante ressaltar o caráter lúdico do pensamento simbólico.


Este período caracteriza-se pelo egocentrismo, isto é, a criança ainda não se


mostra capaz de colocar-se na perspectiva do outro, o pensamento pré-operacional


é estático e rígido, a criança capta estados momentâneos, sem juntá-lo em um todo;


pelo desequilíbrio: há uma predominância de acomodações e não das assimilações;


pela irreversibilidade: a criança parece incapaz de compreender a existência de


fenômenos reversíveis, isto é, se fizermos certas transformações, somos capazes


de restaurá-las, fazendo voltar ao estágio original, como por exemplo, a água que se


transforma em gelo e aquecendo-se volta à forma original.


Nesse estágio, a criança não domina as operações mentais, ela é


egocêntrica, e não consegue ter outro referencial sem ser ela própria.


* Estágio Operacional Concreto – dos sete aos onze anos: a criança já


possui uma organização mental integrada, os sistemas de ação reúnem-se todos


interligados. Piaget fala em operações de pensamento ao invés de ações. É capaz


de ver a totalidade de diferentes ângulos. Conclui e consolida as conservações do


número, da substância e do peso. Apesar de ainda trabalhar com objetos, agora


representados, sua flexibilidade de pensamento permite um sem número de


aprendizagens.


Segundo Piaget, (Apud COUTINHO) a capacidade de um aluno resolver


problemas de conservação depende de compreensão de três elementos básicos do


raciocínio: identidade, compensação e reversibilidade.


Neste período, o egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se


colocar no ponto de vista de outro), que caracteriza a fase anterior, dá lugar à


emergência da capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar pontos


de vista diferentes e de integrá-los de modo lógico e coerente.


Um outro aspecto importante neste estágio refere-se ao aparecimento da


capacidade da criança de interiorizar as ações, ou seja, ela começa a realizar


operações mentalmente e não mais apenas através de ações físicas típicas da


inteligência sensório-motor (se lhe perguntarem, por exemplo, qual é a vareta maior,


entre várias, ela será capaz de responder acertadamente comparando-as mediante


a ação mental, ou seja, sem precisar medi-las usando a ação física).


Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente, tanto os


esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente se referem, nesta


fase, a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de


forma concreta. Além disso, as ações representativas tornadas reversíveis e pela


organização das operações em estruturas de conjunto, inicialmente simples, vão se


tornando cada vez mais complexas.


* Estágio Operacional Formal – começa no início da adolescência. Nesta


fase, a “criança”, ampliando as capacidades conquistadas na fase anterior, já


consegue raciocinar sobre hipóteses à medida em que ela á capaz de formar


esquemas conceituais abstratos e através deles executar operações mentais dentro


de princípios da lógica formal.


A criatividade torna-se mais madura em relação aos demais estágios. Este


estágio corresponde ao nível do pensamento hipotético – dedutivo ou lógico –


matemático. (COUTINHO - 1992)


Segundo Piaget, (Apud BANKS) a maioria dos alunos pode ser capaz de usar


o pensamento operacional formal em apenas algumas áreas nas quais eles tenham


mais experiências ou interesse.

Fonte de pesquisa: http://www.crda.com.br/tccdoc/22.pdf

Educação fundamentada na teoria de Jean Piaget

http://www.youtube.com/watch?v=659rO0qKN8g&feature=related