sexta-feira, 17 de julho de 2009

DISTÚRBIO, TRANSTORNO OU DIFICULDADE?

Aprender é um processo pelo qual o comportamento se modifica em conseqüência da experiência. E, para que a aprendizagem aconteça, é necessário haver integridades básicas das funções psicodinâmicas (aspectos psicoemocionais), do sistema nervoso periférico (canais para a aprendizagem simbólica) e do sistema nervoso central (armazenamento, elaboração e processamento da informação).
Se uma ou mais funções estão comprometidas, crianças, adolescentes ou adultos apresentam desempenho acadêmico abaixo do esperado e, por isso, são comumente rotulados como pessoas com problemas de aprendizagem. Mas, hoje, quando profissionais de saúde e educação têm à sua disposição os conhecimentos gerados pelas neurociências, já não é possível fazermos tal generalização. Afinal, intervenções precisas só podem ser realizadas se, a partir dos sintomas observados, forem feitos diagnósticos corretos.
Primeiramente, é preciso que reconheçamos as diferenças entre distúrbio, transtorno e dificuldade, o que acontece com base não só na região cerebral afetada e na função comprometida como também nos problemas resultantes de cada condição.
A palavra distúrbio pode ser traduzida como “anormalidade patológica por alteração violenta na ordem natural”. Assim, o distúrbio é uma disfunção no processo natural da aquisição de aprendizagem, ou seja, na seleção do estímulo, no processamento e no armazenamento da informação e, conseqüentemente, na emissão da resposta. É um problema em nível individual e orgânico, que resulta em déficits nas medidas das habilidades de linguagem: fala, leitura e escrita. É uma disfunção na região parietal do cérebro, com falha na atenção sustentada, no processamento do estímulo e na resposta a ele, causando lentidão no processamento cognitivo e na leitura, sem comprometimento comportamental aparente.
O transtorno decorre de uma disfunção na região frontal do cérebro, que provoca perturbação na pessoa devido à falha na entrada do estímulo, e da integração de informações, comprometendo a atenção seletiva e gerando impulsividade e dificuldade visuo-motora. As respostas em tarefas que exigem habilidade de leitura e memória de trabalho são inibitórias. Com isso, esse quadro transtorna a vida da pessoa, em razão do evidente comprometimento comportamental. Já a característica principalda dificuldade é ser escolar. Nas dificuldades escolares estão inseridos os atrasos no desempenho acadêmico por falta de interesse, perturbação emocional, inadequação metodológica ou mudança no padrão de exigência da escola, ou seja, diversas alterações evolutivas normais que, no passado, já foram consideradas como alterações patológicas. Pain (1981) considera a dificuldade de aprendizagem um sintoma, que cumpre uma função positiva, tão integrativa como o aprender: por ser intimamente ligada à escola, às metodologias empregadas, ao despreparo profissional e às mudanças sociais e culturais, sinaliza qual pode ser a remediação a ser realizada por uma melhor prática pedagógica.
Em resumo, os distúrbios e transtornos de aprendizagem requerem uma equipe multidisciplinar, enquanto as dificuldades escolares pedem acompanhamento psicopedagógico.
Podemos concluir, então, que a neurociência abriu as suas fronteiras e, nesse contexto, faz-se cessária uma mudança de paradigmas no sistema educacional, de modo que a interface entre saúde e educação - na qual o assunto é o aprendizado normal e seus principais problemas - possa gerar uma neuropedagogia. Juntas, essas duas áreas certamente poderão trilhar, de modo muito melhor, os caminhos para alcançar nosso objetivo: a plena realização de todo ser humano, respeitando-se a habilidade de cada um.
Lucília Panisset Travassos

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Para ensinar é preciso aprender

Deixar de lado modelos de ensinos ultrapassados estar aberto ao inesperado, à oportunidade fazer surgir esse novo aluno “agente na construção de seu conhecimento”, impõe ao educador, antes de tudo, a construção do seu próprio conhecimento.
Abdicar de um modelo pré-fabricado, que tinha pontos de partida e de chegada bem-definidos. Em favor de um modelo aberto, amplo, sem rédeas, exige do professor que se paute, acima de tudo, na busca incessante de conhecimentos específico e geral, na adoção de uma postura de pesquisador. Isso implica aprender:
- estimular o aluno;
- à descoberta individual;
- á alternativas de soluções para os problemas;
- operações mentais;
- por variadas formas de soluções para um problema;
- criação e (re)criação de jogos e materiais didáticos;
- a ter esmero com o material e/ou jogos produzidos;
- a elabora situações problemas e encontrar soluções;
- a, partindo da realidade concreta, generalizar, analisar e sintetizar;
- a demonstrar a importância, a utilidade prática dos conteúdos ensinados;
- a escolher a metodologia e recursos apropriados ao ensino de cada conteúdo e, sobretudo, considerando a individualidade e interesse dos educandos;
- a manter-se atento e receptivo às sugestões e críticas vindas dos alunos, analisando-as, de forma desarmada, junto ao autor da crítica, pois, só assim estará dando oportunidade ao educando de exercitar sua capacidade crítica;
- a priorizar as percepções, as descobertas e o contato do aluno com a realidade para só em seguida lançar os conceitos e formulas;
- respeitar o ritmo de aprendizagem de cada educando;

(Texto extraído do curso de formação continuada de professores da rede pública)

A Importância do Psicopedagogo na Instituição Escolar

A Psicopedagogia constitui-se em uma justaposição de dois saberes - psicologia e pedagogia - que vai muito além da simples junção dessas duas palavras. Isto significa que é muito mais complexa do que a simples aglomeração de duas palavras, visto que visa a identificar a complexidade inerente ao que produz o saber e o não saber. É uma ciência que estuda o processo de aprendizagem humana, sendo o seu objeto de estudo o ser em processo de construção do conhecimento.Surgiu no Brasil devido ao grande número de crianças com fracasso escolar e de a psicologia e a pedagogia, isoladamente, não darem conta de resolver tais fracassos. O Psicopedagogo, por sua vez, tem a função de observar e avaliar qual a verdadeira necessidade da escola e atender aos seus anseios, bem como verificar, junto ao Projeto Político-Pedagógico, como a escola conduz o processo ensino-aprendizagem, como garante o sucesso de seus alunos e como a família exerce o seu papel de parceira nesse processo.Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser humano, o trabalho do Psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para solução dos problemas. Com esta finalidade e em decorrência do grande número de crianças com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a escola, a intervenção psicopedagógica ganha, atualmente, espaço nas instituições de ensino.

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/48/1/a-importancia-do-psicopedagogo/pagina1.html